quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O QUE DEVEMOS AO FUTURO? Pistas para uma cidadania planetária

Dia 10 de Outubro, Fundação Calouste Gulbenkian


CONFERÊNCIA 


10 DE OUTUBRO

9H.-18H

SALA 1, ZONA CONGRESSOS DA GULBENKIAN

Esta conferência abordará I) alguns problemas contemporâneos em torno da questão ambiental, procurando caminhos para o maior equilíbrio entre o humano e a natureza. O painel é composto por personalidades que se notabilizaram nesta área. Na segunda parte II) procurará mostrar-se como o ambiente natural atravessa diversas áreas disciplinares: arte, ciência , pedagogia. Na III parte abre-se a questão a investigadores que apresentaram comunicações sobre aspectos da nossa relação com o mundo.

Finalmente IV) será lançado o livro póstumo de Cristina Beckert- Do Animal à Biosfera- cuja apresentação estará a cargo de Paulo Borges.
A Conferência terminará, pois, com um convite para percebermos a teia holista onde estamos conectados e , percebendo-o, agir em conformidade. 

PROGRAMA:







Abertura


9H 15 MIN

DR. ISABEL MOTA - PRESIDENTE DA F.C. GULBENKIAN

DR. VIRIATO SOROMENHO-MARQUES- PRESIDENTE DA SEA


 ORADORES: 




VIRIATO SOROMENHO-MARQUES- Professor Catedrático da FLUL. Autor de obra escrita extensa em vários domínios filosóficos, nomeadamente na área de Filosofia do Ambiente. Conferencista em múltiplas sessões nacionais e internacionais sobre a temática ambiental, foi membro do Conselho Nacional para o Ambiente e vice-presidente da rede europeia de conselhos de ambiente. Dirigiu na Fundação Calouste Gulbenkian o Programa Agir Ambiente. É presidente da Sociedade de Ética Ambiental.

TIAGO DOMINGOS é licenciado em Engenharia Física Tecnológica, doutorado em Engenharia do Ambiente e professor associado da Área Científica de Ambiente e Energia do Departamento de Engenharia Mecânica do Instituto Superior Técnico (IST), onde tem leccionado as cadeiras de Termodinâmica, Energia e Ambiente, Modelação Ambiental, Economia do Ambiente, Economia Ecológica e Ecologia Industrial, e onde é coordenador do Mestrado Integrado em Engenharia do Ambiente. É presidente do MARETEC – Centro de Ciência e Tecnologia do Ambiente e do Mar. A sua área principal de investigação é a Economia Ecológica, na qual trabalha no espectro desde a investigação fundamental até à aplicação prática, entre outras áreas, na agricultura sustentável, na gestão dos serviços de ecossistema e nos sistemas sustentáveis de energia. Entre outros galardões, obteve o Prémio Científico UTL/Santander Totta 2010. É fundador e gerente da Terraprima – Serviços Ambientais, Lda., IST Spin-Off,  considerada Dryland Champion pela CNUCD e gestor do projecto “Terraprima/FPC – Pastagens Semeadas Biodiversas”, reconhecido pela Comissão Europeia como a melhor solução europeia para o clima em 2013.
SOFIA VAZ- Licenciada em Engenharia do Ambiente, Mestre em Tecnologia Ambiental pelo Imperial College de Londres e Doutorada em Filosofia Política do Ambiente pela Universidade de Lisboa e pela Universidade de East Anglia. Trabalhou na Agência Europeia do Ambiente. Dirigente da SEA
PAULO MAGALHÃES -Jurista e investigador do CIJE- Centro de Investigação Jurídico-Económica, da Universidade do Porto. É doutorando em Ecologia-Humana na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Em 2007, publicou “O Condomínio da Terra: das Alterações Climáticas a uma Nova Concepção Jurídica do Planeta”. Em 2016, editou SOS Treaty - The Safe Operating Space Treaty: A New Approach to Managing Our Use of the Earth System.  É o Diretor da Comissão Instaladora da Casa Comum da Humanidade, uma Associação Internacional que irá estar sedeada em Portugal e que propõe uma nova construção jurídica global baseada nos novos conhecimentos sobre o funcionamento do Sistema Terrestre.
PAULA MORAIS-Doutoranda pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa com a dissertação “Fundamentos filosóficos do Sámkhya e do Yoga – pistas para uma ecologia cósmica no terceiro milénio”. Mestre em Filosofia pela Universidade Nova de Lisboa Directora da revista internacional do Yoga "Om Yess – Yoga é saúde e Samádhi". Directora do Áshrama do Rato - Centro do Yoga em Lisboa.
MARIA ILHÉU- Licenciada em Engenharia Zootécnica, Mestre em Ecologia e Doutorada em Ciências do Ambiente e Ecologia.  Professora Auxiliar da Universidade de Évora.
LAVÍNIA PEREIRA- Licenciada e Mestre em Filosofia é doutoranda na FLUL. Bolseira de Investigação no Instituto de Ciências Sociais. Dirigente da SEA
HELENA FREITAS é doutorada em Ecologia pela Universidade de Coimbra (1993), em colaboração com a Universidade de Bielefeld, Alemanha, e realizou um pós-doutoramento na Universidade de Stanford, EUA (1994/1996). É Professora Catedrática do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra desde 2003 e detentora da Cátedra Unesco em Biodiversidade e Conservação para o Desenvolvimento Sustentável. Foi Directora do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra (2004-2012) e Vice-Reitora da mesma Universidade (2011-2015). Foi Presidente da Liga para a Protecção da Natureza entre 1999 e 2002, primeira Provedora do Ambiente e Qualidade de Vida de Coimbra (2002-2005), Presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia (2004-2012) e Vice-Presidente da Federação Europeia de Ecologia (2009-2012). É Coordenadora do Centro de Ecologia Funcional, uma unidade de investigação no âmbito das Ciências Biológicas e Ambiente. Entre 23 de Outubro de 2015 e 10 de Março de 2016 foi Deputada à Assembleia da República. Entre 10 de Março de 2016 e 18 de Julho de 2017 foi Coordenadora da Unidade de Missão para a Valorização do Interior.
FRANCISCO FERREIRA- Professor Associado da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa. Licenciatura, mestrado e doutoramento na área de Engenharia do Ambiente. Presidente da Quercus entre 1996 e 2001. Coordenador de projectos de investigação no domínio das alterações climáticas. Presidente da “Zero- Associação para um Sistema Terrestre Sustentável
CRISTINA BRANQUINHO – Professora Associada da FCUL. Coordenadora do grupo de investigação  Ecologia das Alterações Climáticas. Investigadora Principal em diversos domínios ambientais e ecológicos é autora de considerável produção escrita na área da Ecologia, Biologia e Ambiente.

ORGANIZAÇÃO: SOCIEDADE de ÉTICA AMBIENTAL

APOIOS: CENTRO de FILOSOFIA da UNIVERSIDADE de LISBOA; FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN


quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: QUE TRAJETOS E QUE DESAFIOS?

Ciclo de Seminários, de 20 de janeiro a 2 de março 2016
Maria José Varandas da Sociedade de Ética Ambiental e do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa vai estar presente na abertura do Seminário 1. Educação Ambiental e transições ecológicas: Epistemologia, Ontologia e Éticas Ambientais. no dia 20 janeiro 2016, entre as 17h00 – 20h30


domingo, 19 de abril de 2015

Conferência Ecologia & Espiritualidade



'Deus, Natureza, Mulher' é a comunicação integrada no tema 'Ecologia e Espiritualidade' - uma iniciativa SEA e Instituto Superior Justiça e Paz. A Professora Maria Luísa Ribeiro Ferreira, uma especialista em Espinosa tem obra vasta na área da educação, do pensar no feminino, dando a conhecer mulheres que se destacaram na reflexão sobre problemáticas contemporâneas, nomeadamente as que dizem respeito a questões ambientais. Neste particular destaca-se a sua pesquisa na área do Ecofeminismo, uma corrente de ética ambiental que defende que a exploração da natureza é , historicamente, paralela à exploração da mulher e tem sido culturalmente determinada por um sistema patriarcal que subordinou a emoção, o coração, o cuidado ao império da racionalidade técnica.
http://www.justicaepaz.com/index.php

terça-feira, 7 de abril de 2015

Colóquio - Ética, Teoria e Prática


Dia 15 de Maio, 10h15, Anfiteatro III, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Anfiteatro III.
O Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, o Goethe-Institut Portugal e a Sociedade de Ética Ambiental têm o prazer de convidar V.Exa. a assistir ao colóquio Ética, Teoria e Prática, in memoriam de Cristina Beckert, com o convidado internacional Martin Seel.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A estética da Terra- Aldo Leopold e Holmes Rolston





Aldo Leopold   o belo natural e o bem



"Um olhar de relance pelas teses de eticistas na esteira de Leopold (Callicott, Rolston, Hargrove, Sagoff, entre outros), descobre sem esforço a sua crença na relação íntima entre a  estética e a ética ambientais. Com efeito, quando Leopold afirma que «algo é bom quando tende a preservar a integridade, a estabilidade e a beleza da comunidade biótica» condensa diferentes planos (ecológico, estético, moral)  num mesmo horizonte de significado – se a beleza se impõe como presença  no mundo, ela deve constituir-se, por isso, como fundamento de moralidade, um imperativo do agir.
A leitura do Sand County Almanac sugere-nos que os eixos cardinais da ética da terra - equilíbrio, integridade e beleza - constituem um cluster, uma unidade de itens correlacionais, agregados de modo em que a beleza natural se perspectiva como configuração expressiva da integridade e equilíbrio da natureza. Neste sentido, o belo natural surge, na obra de Leopold, como manifestação tangível da «saúde» dos ecossistemas a uma dada escala espácio-temporal, que o ser humano deve preservar e amar. ... A presunção da correlação entre os valores ecológicos, os valores estéticos e os valores éticos guia a escrita do Sand County, como se a beleza do mundo natural, a sua presença irradiante e multiforme, se impusesse ao homem e ao agir, não como obrigação, mas como doação pródiga que incita aos sentimentos de amor e de cuidado, convidando ao bem ou, o que é o mesmo, à preservação dos equilíbrios naturais." Maria José Varandas, excerto traduzido  de:






quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Quando a extinção da biodiversidade é um problema ético .






A 6ª grande extinção está já aí diante de nós. Segundo o Programa Ambiental  das Nações Unidas (UNEP), entre 150 a 200 espécies extinguem-se em cada dia. Esta é uma tremenda e acelerada perda da biodiversidade, numa escala que não tem paralelo nos 66 milhões de anos de história geológica.
Será que se pudermos fazer reviver uma espécie extinta o deveremos fazer?
Cada vez mais é plausível que o possamos fazer, graças aos avanços em biotecnologia e clonagem. E, neste caso, para os adeptos da des-extinção a questão a colocar seria” que espécie  deveria ser ‘ressuscitada’ primeiro?”
 O que este problema nos mostra é que a ciência anda uns passos largos à frente da ética. Podemos fazê-lo sim, mas devemos?
Talvez a opção pela des-extinção seja a resposta adequada, entre uma série de medidas extremas, para responder aos níveis actuais da perda da biodiversidade provocados sobretudo pela acção humana.  Mas que via adoptar?
Clonagem e biotecnologia?
Recriação dos espaços selvagens?
Migrações controladas?
Re-introdução de espécies ameaçadas ou extintas  em habitats próprios?
Leia os argumentos em defesa ou contra a des-extinção aqui e formule a sua opinião. 

Ver 10 espécies extintas em:




The sixth great extinction is upon us. According to the UN Environmental Programme’s Millennium Ecosystem Assessment, 150-200 species go extinct each day. This is a startling loss of biodiversity, on a scale not witnessed in 66 million years of geologic history. If we can revive an extinct species, should we? That we could bring back an extinct species is less and less in doubt, thanks to advances in synthetic biology and cloning. In fact, some proponents of de-extinction think the important question now is simply, which extinct species should be revived first? One thing is clear: when it comes to de-extinction, the science is way ahead of the ethics. Perhaps de-extinction is among the most extreme actions one might take in response to the current rapid rates of extinction. Where would you draw the line? De-extinction? Other synthetic biology techniques? Biotechnology? Re-wilding? Assisted migration? Reintroduction of extirpated species? With this series we invite you to consider our moral responsibility, as the drivers of the sixth extinction. In promoting and protecting biodiversity, where would you draw the line? How far should we go…?

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Ecologia e Política




"A ideia de que é possível ser ecologista e defender o ambiente sem que isso implique uma proposta de paradigma político com impactos radicais nos processos económicos e na estrutura sociopolítica de uma comunidade é apenas isso, uma ideia. Qualquer modelo que tenha os interesses ambientais em conta tem de assentar numa concepção de sociedade e esta tem de se fundar em noções, mesmo que vagas, de direitos, de liberdade, de relações entre os cidadãos, entre outras.





A ideia do ecologismo como um bem em si mesmo exterior ao posicionamento sociopolítico é não só vazia de conteúdo, mas perigosa porque promotora de uma benevolência que não questiona as virtudes ou defeitos do "bem" que advoga e que só pode resultar num posicionamento ou politicamente conservador ou perigosa e inconscientemente próximo do niilismo." Nuno Castanheira: http://mereactofexisting.blogspot.pt/2015/02/ecologia-e-politica.html


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O que é que a Terra nos pede?



Parece uma pergunta sem sentido, mas perante a imensa prodigalidade deste belo  planeta que graciosamente nos sustenta há que colocar a questão. Sobretudo quando abusamos irresponsavelmente dos seus dons. Avancemos, pois,  algumas respostas:

 Gratidão.  Ser grato é ser ético. É ter em consciência o bem e responder com o bem. Ser grato é ser capaz de amar aceitando e reconhecendo o dom do outro. E ao outro que se oferece a nós através daquilo que dá.

Responsabilidade. Ser responsável é ser capaz de responder ao apelo que o outro me lança. De não ofensa. De não abuso. De compaixão.

Amor. Amar é dar-se e acolher o outro. Desejar-lhe  bem. Ligar-se.

Se o planeta nos fez assim, agentes livres e responsáveis, ou seja, éticos, esta é a resposta. Assumir a nossa condição. Humana. 




Especificamente:


Ter consciência de que somos parte do planeta e estamos intrinsecamente conectados à miríade de espécies que nele são.  

Ter em atenção os processos que determinam a economia do planeta- a energia que circula  por produtores, consumidores, decompositores-   como modelo regulador  da nossa própria economia. Há que   alinhar os nossos modelos económicos com o equilíbrio e a integridade dos processos ecológicos.

Ter a preocupação de restaurar,  cuidar, curar as "feridas" provocadas ao planeta pelas  acções irresponsáveis. 

Enfim, assumindo a verdade básica de  que apenas se é/existe com todos os outros entes planetários ter presente o significado da reciprocidade. Que no fundo significa o respeito que devo a todo aquele que habita a minha casa. O meu Lar-Planeta. 

Como afirma Robin Kimmerer:


Gratitude is our first, but not our only gift. We are storytellers, music makers, devisers of ingenious machines, healers, scientists, and lovers of an Earth who asks that we give our own unique gifts on behalf of life.

Ver mais em :  http://www.humansandnature.org/earth-ethic---robin-kimmerer-response-80.php#




terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Entrevista ao filósofo ambiental Eugene Hargrove por Magda Carvalho

Eugene Hargrove é um filósofo ambiental norte-americano, editor da prestigiada revista Environmental Ethics , autor de diversos títulos na área de ética ambiental, nomeadamente Foundations of Environmental Ethics (1989) e professor na Universidade de North Texas, onde lecciona ética ambiental.

Magda Carvalho é professora na Universidade dos Açores, tem publicações na área de ética ambiental e é membro da SEA.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Sobre a Compaixão, uma leitura de Emotional Awareness de Paul Ekman




As emoções unem e dividem o mundo no qual vivemos desencadeando o melhor e o pior nos nossos comportamentos, seja a uma escala pessoal e privada, seja a uma escala global.

Sem emoções não haveria lugar para o amor, a empatia, a compaixão, o heroísmo, mas também não haveria crueldade, maldade, ódio. O encontro entre Paul Ekman (psicólogo com obra vasta na área das emoções) e o Dalai Lama traduziu-se numa obra conjunta Emotional Awareness na qual a questão de fundo foi justamente esta:

Como resolver o padrão conflitivo das emoções e lançar pistas para um mundo globalmente mais compassivo e equilibrado emocionalmente ?

1ª constatação: o problema do nosso tempo. A educação é orientada para o individualismo, o egoísmo e a competição. Em termos globais, as relações internacionais baseiam-se na rivalidade - a Ásia rivaliza com o Ocidente e procura “ganhar a corrida”. Por outro lado, expande-se a consciência da interconexão e interdependência dos diferentes planos e seres da existência no sentido de uma representação tendencialmente budista do mundo, do planeta. O problema reside na recusa dos políticos em seguir essa consciência. Por conseguinte, assiste-se hoje, a duas forças antagónicas em conflito: uma historicamente enraizada impregnando o tecido político-económico, a outra emergindo como necessidade e hiper-consciência a partir dos destroços provocados por aquela.

A resolução positiva deste conflito precisa de equacionar com seriedade o grau de sofrimento e destruição globais provocados pelo domínio de emoções negativas e re-orientar a perspectiva do mundo para a riqueza das emoções positivas, como a compaixão e a solidariedade, em termos de benefícios globais.

Do ponto de vista budista tal significa a assunção de uma consciência global, ou seja, uma consciência não confinada a aspectos pontuais e particulares da existência de tal forma que, em termos pessoais, o ser é capaz de encarar o desaire, seja a dor ou a frustração, não confinado a uma instância presente específica onde adquire uma dimensão total e absoluta que é fonte permanente de sofrimento e inquietação. Uma educação dirigida para este tipo de consciência e cujo enfoque valorize as emoções positivas é fundamental para que, em termos globais, haja mudanças estruturais significativas.

Daqui decorre uma segunda constatação: a cultura da compaixão.

Na prática da meditação budista há, num 1º momento, uma reflexão profunda sobre a negatividade de uma consciência limitada e auto-centrada para a compreensão do potencial positivo e fecundo de uma consciência centrada no outro. A partir dessas reflexões, a compaixão torna-se uma cultura na prática budista.

Para uma educação alargada de uma cultura de compaixão é necessário compreender, em 1º lugar, que sem o interesse próprio não há determinação para o desenvolvimento do ser (quer pessoal, quer civilizacional), mas há que compreender também que o auto-centramento exclusivo é nocivo, pois não passa de egoísmo cego e primitivo. É fundamental também levar as pessoas a entender a compaixão não do ponto de vista de uma bela ideia, de um nobre ideal, mas do ponto de vista de uma apreciação ancorada na realidade, cujo potencial fecundo a torna necessária e urgente.

No entanto, como é possível esta tarefa de reconversão de valores a uma escala global? Será que os americanos, por exemplo, estarão dispostos a abdicar do consumo exorbitante de petróleo, ou os ocidentais, em geral, a abandonar dietas ricas em proteínas animais ou, ainda, os ricos a prescindir das suas vidas de luxo? Enfim, como será possível partilhar os recursos mundiais quando se tem uma civilização assente na inequidade ?

3ª constatação: a sustentabilidade do modus-vivendi actual.

O ponto de partida dessa mudança e que as pessoas precisam compreender é, justamente, a sustentabilidade dos seus próprios modos de vida consumistas e egoístas. Se continuarmos com estes padrões de consumo, quanto tempo durarão ainda? Se eu pensar nesta questão a sério, então talvez conclua que será melhor diminuir os meus padrões de consumo de forma a possibilitar aos meus filhos e netos uma vida com uma dívida menos pesada. Daí que talvez o sentido da compaixão para com os meus mais próximos possa constituir uma ajuda na salvação do mundo. Temos de partir deste primeiro nível – a família - sem esperar que o mundo inteiro vá seguir nesta direcção. Não esqueçamos, no entanto, que a responsabilidade de pensadores, políticos e franjas mais esclarecidas da sociedade civil é a de fazer o melhor que podem no sentido de criar um amanhã sustentável. E é urgente perceber que esta sustentabilidade exige uma reconversão de valores assente numa mudança emocional e cognitiva, pois que um mundo verdadeiramente sustentável não poderá ser atingido sem uma cultura de compaixão, ou, melhor ainda, sem uma consciência expandida que pensa o Outro, todo o outro - humano e não humano, senciente e não senciente - e se preocupa com ele. Justamente, preocupar - cuidar- curar, são termos aparentados, com a mesma raiz, e que exprimem a autêntica humanidade do Homem – ser-com-outro, ser-no-mundo. A preocupação constitui o primeiro passo para a cura, possível de alcançar através do cuidado connosco mesmos, com todo o outro que habita a nossa morada  e, naturalmente,  com a nossa própria morada (Terra). 
Síntese das ideias principais da obra citada